Boeing vai pagar US$ 4,2 bi por 80% da aviação comercial da Embraer


Negócio em que americana compra área de aviação civil da brasileira terá de ser aprovado pelo governo, que viu exigências atendidas

 

Após um ano de negociação, a Boeing fechou os termos da compra da área de aviação civil da Embraer. O acerto, que cria uma nova empresa no valor de US$ 5,26 bilhões (R$ 20,5 bilhões no câmbio desta segunda, 17), será agora submetido ao governo brasileiro.

Os americanos pagarão aos brasileiros US$ 4,2 bilhões (R$ 16,4 bilhões caso tudo fosse pago hoje, o que não ocorrerá), US$ 400 milhões a mais do que o previsto inicialmente, para ter 80% do controle da nova empresa.

Em julho, a Boeing havia divulgado que o valor total seria de US$ 4,75 bilhões (R$ 18,5 bilhões). O valor havia sido considerado baixo por alguns analistas, mas a reavaliação tem mais a ver com a identificação de custos maiores para a cirurgia de separação da aviação civil da fabricante brasileira. No mercado, estima-se que ao fim a "velha" Embraer embolsará algo como US$ 3 bilhões (R$ 11,7 bilhões).

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As ações da companhia brasileira subiam mais de 7% após o anúncio. Às 10h12, o Ibovespa subia 0,29%, a 87.699,81 pontos.

Segundo comunicado das duas empresas, também será criada uma joint-venture para a produção e comercialização de um único produto militar que ficará fora do escopo da empresa que sobrará do fatiamento da Embraer, o cargueiro militar multimissão KC-390.

A Boeing já era responsável por promover o avião, desenvolvido a custo de R$ 5 bilhões com dinheiro do governo brasileiro desde 2008, no exterior. A aeronave mira um mercado potencial de mais de 700 modelos antigos, a maioria composta por Lockheed C-130 Hercules, no mundo.

O Brasil assinou um contrato de R$ 7,2 bilhões para receber 28 desses aviões. Esse negócio permanecerá nas mãos da "velha" Embraer, assim como a primeira exportação, para Portugal, ainda em negociação. A joint-venture com os americanos só cuidará dos próximos contratos.

Essa terceira empresa não venderá outros produtos militares da “velha” Embraer, como o Super Tucano, nem cuidará de contratos de defesa como o sistema de proteção de fronteiras. Essa foi uma exigência dos militares do país, que temiam perder autonomia na hora de fazer novos contratos estratégicos. A nova joint-venture terá controle nacional de 51%, outro ponto que agradou o Ministério da Defesa.



FOLHA DE SÃO PAULO
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