Em artigo neste
domingo, Samuel Pessôa afirma que resta-nos melhorar a educação e estimular
atividades que elevem a produtividade
O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou na
semana passada a atualização das estatísticas demográficas do Brasil. A
anterior havia sido em 2013. Agradeço ao jornalista do jornal Valor Econômico
Bruno Villas Bôas pela informação e pelos dados do IBGE.
A revisão alterou o momento em que o bônus demográfico acabará. De
acordo com as estimativas de 2013, o bônus terminaria em 2023, e agora sabemos
que ele acaba neste ano.
O bônus demográfico é o período do desenvolvimento demográfico de uma
sociedade em que a taxa de crescimento da população em idade ativa (PIA), entre
20 e 64 anos, é superior à taxa de crescimento da população total (POP). Isto
é, quando a taxa de crescimento da população de crianças, jovens e idosos é
menor do que o crescimento da população em idade ativa.
O problema é que o crescimento econômico depende da diferença das taxas
de crescimento da PIA e da POP, e não da razão de dependência (ver “Demographic
transition and economic miracles in emerging Asia”, de David Bloom e
Jeffrey Williamson, publicado no World Bank Economic Review, 1998, volume 12,
número 3). Ou seja, o crescimento depende da alteração da estrutura etária,
isto é, do filme, e não da fotografia da demografia. Nossa janela demográfica
fechou-se.
Um bom guia para procuramos melhorar nossas instituições na direção
correta encontra-se no estudo espetacular de Santiago Levy “Under-Rewarded
Efforts: the elusive quest for prosperity in Mexico”, sobre a
estagnação do México, apesar de anos com macroeconomia em ordem e da maior
abertura da economia (mas sem corrigir e até agravando problemas institucionais
e microeconômicos).
Samuel Pessôa - pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (FGV) e sócio da
consultoria Reliance. É doutor em economia pela USP.
coluna jornal FSP