Aceno é tentativa
de fazer lideranças superarem desconfiança em Bolsonaro.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, prometeu
a parlamentares que vai ajudá-los com repasses para as regiões que os elegeram
como tentativa de obter apoio para a reforma da Previdência.
Guedes ouviu de
lideranças do Congresso que não há confiança no presidente Jair Bolsonaro (PSL) até agora.
O receio é dar
propulsão a um governo que usa como trampolim o ataque à classe política e, por
isso, não reconhece o esforço feito por aliados.
A reforma
da Previdência é um tema árido e impopular, com elevado custo eleitoral, o que
Guedes reconhece e, por isso, faz acenos de parceria com parlamentares.
Por essa proposta,
apoiadores poderão “vender” em seus redutos eleitorais a conquista de recursos
federais obtidos com a reforma. Para isso, na visão de Guedes, é importante que
a reforma passe, na Câmara, ainda no primeiro semestre, e com o máximo de
economia que puder gerar —o ministro fala em R$ 1 trilhão em dez anos. Serão
esses os recursos que financiarão a “agenda positiva” oferecida à classe
política.
O
diagnóstico de Guedes é que o atual modelo político provocou uma concentração
de poder no governo federal, determinante para a corrupção nos governos do PT.
Na reunião com
deputados, ele usou como exemplo a construção do estádio do Corinthians, que,
para o ministro, só foi feito para agradar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva.
Em outra referência,
disse que o ex-presidente petista escolheu Joesley Batista, dono da JBS, para
receber recursos públicos e se tornar o maior produtor de carne do mundo.
Como troca, Batista
comandou um esquema bilionário de financiamento ilícito de campanhas eleitorais
nos últimos anos. Essa simbiose entre o poder político e o econômico, na visão
de Guedes, está falido.
Ainda que possam ser
convencidos de que o modelo político tem de mudar, os parlamentares dizem ter
convicção de que o prejuízo eleitoral da reforma é concreto e querem dividir
essa conta.
Eles pediram ao
ministro um dispositivo para envolver diretamente os governadores na aprovação
das mudanças da aposentadoria, de modo que não possam usar as críticas como
bandeira eleitoral nas eleições municipais do ano que vem e do pleito em 2022.
Uma maneira de fazer
isso é manter no texto da reforma a previsão de alterações para professores e
policiais, o que exigirá confirmação de Assembleias locais.
Guedes acenou
positivamente, segundo interlocutores, e disse que os governadores que não se
alinharem não terão nenhum tipo de “balão de oxigênio” para superar a atual
crise fiscal.