O
recente vencimento de cerca de R$ 90 bilhões de NTN-B para 2019, títulos
públicos indexados à inflação, reforçou a posição de caixa de muitas fundações
no Brasil.
De um total de R$ 220
bilhões em investimentos, de 15% a 20% estão em caixa e poderiam ser
direcionados para aplicações mais arriscadas, estima o sócio da empresa Adctus Guilherme Benites. Ou seja, um valor estimado entre R$ 30 bilhões e R$ 40
bilhões.
A
movimentação até agora dos fundos de pensão em busca de diversificação do
portfólio tem sido lenta, como se estivessem em compasso de espera a exemplo do
investidor estrangeiro, especialmente depois de o Ibovespa ter atingido o
patamar dos 100 mil pontos.
Toda a indústria de fundos de pensão reúne
aplicações que chegam perto de R$ 900 bilhões. Quase 75% das alocações estão em
renda fixa. Os títulos do Tesouro chegam a quase 20% do total - um patamar que
permanece constante ao longo dos últimos anos, mesmo com a queda dos juros.
Com
perfil muito exposto a títulos públicos, a Fundação Real Grandeza, dos
funcionários de Furnas e Eletronuclear, se antecipou a essa necessidade e no
início do ano vendeu títulos NTN-B.
Com parte dos recursos, triplicou a alocação
em bolsa para 15% da carteira, o que lhe garantiu ganhos acima da meta nos dois
planos em 2019 até junho. Mas, ainda assim, tem quase R$ 2 bilhões em caixa à
espera de uma decisão sobre novas aplicações.
Entre os interesses da fundação
estão os fundos multimercados e investimentos no exterior, segundo o presidente
Sérgio Wilson Ferraz Fontes.
Uma decisão final vai depender de um novo estudo
de ALM (Asset Liability Management) - mecanismo de gestão de ativos e passivos
previsto para ser concluído em setembro.
O
levantamento da consultoria verificou que, com apenas 1% ao ano de retorno
adicional, a renda na aposentadoria pode variar mais de 25%.
A Aditus elaborou
diferentes cenários considerando o perfil de um participante com expectativa de
vida de 80 anos e que já possui uma reserva de R$ 50 mil em investimentos,
recebe R$ 5 mil por mês e contribui com R$ 300 por mês para um plano de
previdência, com uma contrapartida de outros R$ 300 do empregador.
Com 35 anos
de contribuição a uma rentabilidade anual de 2,5%, o benefício seria de R$
2.748,40. Com ganhos de 3,5%, o valor já seria de R$ 3.457,17. Já se essa
rentabilidade anual for de 5,5%, o benefício sobe para R$ 5.599,52.
"Estamos
discutindo com muita atenção os impactos da queda da taxa de juros sobre a rentabilidade
do nosso portfólio.
Os fundos de pensão têm necessidade de se adaptar a essa
nova realidade", diz o presidente da Funcef, Renato Villela. Os
investimentos no exterior estão entre os pontos de interesse.
VALOR ECONÔMICO