PLANOS DE SÁUDE


Assistência médica prioriza lucro em vez de saúde, diz médica.

 Autora americana afirma que pacientes passaram a ser tratados como clientes e a agir como tal.

A queixa é frequente entre amigos e eu mesma já passei por médicos com claros conflitos de interesse na área em que atuam. 

Os mais frequentes são o comércio de produtos (ou a ligação direta com farmácias que os vendem), de procedimentos e de exames.

"Por que eu tenho que pagar por um ultrassom feito no seu consultório se meu plano de saúde me dá direito aos melhores laboratórios de São Paulo?", perguntei certa vez a um médico.

"Porque eu só confio nos meus equipamentos e na minha equipe", respondeu ele. Nunca mais voltei.

Uma amiga me relatou que, ao sair da consulta com o nutrólogo, a secretária do dito cujo já tinha encaminhado uma cópia da receita para uma farmácia de manipulação "de confiança do doutor" pedindo orçamento dos produtos. 

O mesmo médico também recomendou reposição endovenosa de ferro e de vitamina D, ambas feitas no consultório e muito mais caras (um hematologista já tinha prescrito a reposição pela via oral, muito mais simples e barata). 

Outra amiga se queixou da consulta com a dermatologista. A médica mal olhou para ela e já indicou um procedimento a laser "antienvelhecimento", feito no consultório. Preço: seis salários

Como vamos resolver isso?

Para a médica, precisaria haver uma reforma geral no setor da saúde. A Big Pharma precisará reduzir seus custos e distribuir medicamentos hoje proibitivos a um preço mais razoável. 

Os capitalistas de risco que escolheram a medicina como veículo para se tornar bilionários teriam que se contentar com muito menos.

Por outro lado, diz ela, os pacientes precisarão ser reeducados em relação às suas expectativas médicas. 

"Nem toda queda requer uma ressonância magnética. Nem todo corrimento nasal afebril exige uma visita ao médico e certamente nem sempre justifica antibióticos. 

Às vezes, o paciente precisa ser paciente para resolver as coisas.



FOLHA DE SÃO PAULO
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