Sem
reformas da Previdência e administrativa, o próximo governo vai se limitar a
ser gestor de folha de pagamento, afirmou nesta terça-feira (19) o ministro do
Planejamento, Esteves Colnago.
"O
próximo governo vai fazer a reforma da Previdência, a reforma administrativa.
Independentemente de quem seja, vai adotar essas medidas. Há um crescimento nos
deficits que leva a um enrijecimento absurdo das contas públicas", disse
Colnago. "Os próximos governos, o que vão poder fazer? Serão gestores de
folha de pagamento, como são muitas prefeituras hoje".
O
ministro disse ainda que o governo não só não tem mais condições de ser indutor
do crescimento como está, de certa forma, dificultando a expansão do PIB
(Produto Interno Bruto).
"As despesas
de pessoal se mantêm constantes. A despesa de benefícios com a Previdência cresce
muito. Então todo ajuste está sendo feito na despesa primária [gasto do governo
sem pagamento de juros]. Está se deixando para o próximo governo uma camisa de
força absurda. Precisa ser revisto", declarou o ministro.
Segundo dados do
projeto da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) do ano que vem, a margem para
despesas sobre as quais o governo tem controle, como investimentos e parte do
custeio da máquina pública, será de apenas R$ 98,3 bilhões.
Um estudo das
consultorias de Orçamento da Câmara e do Senado mostram um valor ainda menor,
de R$ 30,3 bilhões.
O secretário do
Tesouro, Mansueto Almeida, que também participou do seminário, lembrou que,
mesmo que todas as despesas sobre as quais o governo tem controle fossem
canceladas, o valor alcançado não seria suficiente, por exemplo, para cobrir a
meta de deficit primário (receitas menos despesas antes do pagamento de juros),
de R$ 159 bilhões neste ano.
"O valor de
despesas discricionárias no ano que vem será o mesmo de 2008. Mas não estamos
em 2008", disse o secretário do Tesouro. "Não dá. Vamos ter que
cortar despesas obrigatórias. O ajuste precisa ser feito, e há diversos tipos
de ajuste. Como será? Isso deve sim entrar na campanha eleitoral",
afirmou.
FOLHA DE SÃO PAULO