Em pleno ajuste fiscal, há
um dado em particular que mostra a rápida e preocupante deterioração das
finanças públicas por um ângulo diferente: o tamanho do rombo na Previdência
Social. Em março deste ano, um relatório oficial do governo estimava que o
déficit da Previdência – a diferença entre a receita e a despesa – equivaleria
a 2% do Produto Interno Bruto (PIB) só em 2030. De março para cá, a revisão dos
indicadores, como crescimento da economia, arrecadação, inflação e reajuste do
salário mínimo, alteraram drasticamente a estimativa.
O déficit previsto para
daqui a 15 anos vai ocorrer em 2016. O rombo previsto é de R$ 125 bilhões. Quem
acompanha a Previdência não está surpreso. Há anos os especialistas chamavam a
atenção para o fato de que os gastos eram crescentes e que em algum momento se
acelerariam. “O futuro é de longo prazo, mas um dia ele chega. Então: o futuro
chegou”, diz o economista Fábio Giambiagi, especialista em contas públicas.
A piora nos números da
Previdência reforça uma tese que vem ganhando força entre os economistas: além
de fazer o ajuste de curto prazo, o governo deve em paralelo, promover um
ajuste estrutural das contas públicas – e ele deve começar na Previdência. “A
reforma da Previdência não é uma questão de ser contra ou a favor: ela é um
imperativo”, diz Mansueto Almeida, especialistas em contas públicas que defende
a reforma estrutural.
A decisão do governo de
encaminhar a discussão da reforma para o Fórum da Previdência foi mal recebida.
Todos citam o fórum idêntico, criado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
que deu em nada. “Conhecemos a capacidade desses fóruns de empurrar com a
barriga o que importa”, diz Raul Velloso, consultor de finanças públicas
O Estado de S. Paulo