Investimentos


As mudanças demográficas são os fatores que mais colaboram para o desequilíbrio dos planos de aposentadoria, diz a certa altura de seu artigo o  especialista em fundos de pensão da Real Grandeza Fundação de Previdência e Assistência Social, Jair Ribeiro.

Pelo lado das obrigações, o resultado é direto; a longevidade é o principal fator de risco financeiro do passivo e isso acontece porque a expectativa de vida durante a aposentadoria passou a superar a prevista. A sobrevida, como é tecnicamente conhecida, tem representado um custo financeiro crescente. 

Pelo lado dos investimentos, o impacto é indireto, mas não menos preocupante. Liderados pela longevidade, os fatores demográficos contribuem para o declínio da taxa de juro real da economia, que afeta os rendimentos da renda fixa, que diminui a rentabilidade do patrimônio dos planos. Como se observa, o ponto de partida na cadeia de eventos é a hipótese de queda secular das taxas de juro, um fenômeno macroeconômico da sociedade contemporânea.

Esse cenário tem sido nítido nos países desenvolvidos e, aos poucos, vai tomando corpo também nos emergentes. No Brasil, o efeito da demografia no declínio do juro real ainda requer análises mais aprofundadas, mas é bem plausível que a integração com o mercado financeiro internacional esteja atuando nesse sentido. A influência vinda de fora tem favorecido e deslocado a curva interna de juros para baixo.

Simulações indicam que o participante de um plano quase todo aplicado em renda fixa terá que elevar as contribuições nos próximos anos, caso queira receber a renda real de aposentadoria no valor planejado. Em alguns casos, o aumento poderá chegar a 20%, sem incluir as taxas de administração, que tendem a ser maiores nas entidades abertas porque têm fins lucrativos. Para escapar do aumento das contribuições, a rentabilidade terá que ser maior, pois é a alternativa para enfrentar o custo financeiro crescente da longevidade. A visão tradicional de concentrar em renda fixa dificilmente vai gerar o retorno necessário, ao passo que diversificar para opções mais arriscadas exige uma gestão preparada, especializada e comparativamente vantajosa para o participante.



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