A neuroeconomia pode ser muito útil à previdência


A utilização das teorias da neurociência aplicadas à economia, especialização conhecida como neuroeconomia e que tem avançado em suas descobertas ao longo dos últimos dez a quinze anos, pode contribuir para enriquecer o relacionamento entre os fundos de pensão e seus participantes ou potenciais participantes. A partir das pesquisas que comprovaram o peso das emoções e sentimentos como fatores determinantes para as tomadas de decisões econômicas, é possível estabelecer as melhores estratégias para convencer as pessoas sobre a importância de ter uma poupança a longo prazo, explicou nesta quinta-feira o consultor especializado Diego Valero Carreras, professor da Universidade de Barcelona e presidente da consultoria espanhola Novaster. Carreras, que participou do painel sobre Reposicionamento de Imagem: Estratégia de Comunicação e Relacionamento durante o 36º Congresso Brasileiro dos Fundos de Pensão realizado em Brasília, observou que o ideal, sob a luz da neuroeconomia, é oferecer informações simplificadas, claras e objetivas às pessoas e esperar delas o mínimo possível de decisões.

“Quanto mais opções elas tiverem na hora de tomar uma decisão sobre a sua poupança previdenciária, maiores serão as dificuldades e menos elas conseguirão escolher alguma coisa”. O cérebro humano, lembrou Carreras, foi desenhado para sobreviver e não para escolher as opções mais racionais, o que leva as pessoas a cometerem diversos erros. Entram em cena características como omissão, procrastinação de decisões e a tendência a manter o status quo, fugindo a mudanças no horizonte futuro.

As escolhas relativas à aposentadoria, explicou o especialista, são difíceis e complexas e há uma dificuldade natural do ser humano em fazer a relação entre sua escolha e as experiências efetivas. Até porque há um gap de identidade e as pessoas não se vêm como idosas. Além disso, as emoções presentes tendem a prevalecer sobre as emoções futuras. “O ideal é não detalhar informações específicas sobre a alocação da carteira, por exemplo, que nem sempre serão claramente assimiladas, mas sim falar da necessidade que a pessoa terá lá na frente quando chegar o momento de sua aposentadoria, lançar mão das emoções e fazê-la perceber como irá se sentir quando estiver mais velha e precisar de uma renda maior”.

Escolhas dos participantes sobre a sua poupança previdenciária, assegurou Carreras, devem ser tomadas por meio do máximo possível de decisões automáticas e simplificadas que uma boa política de marketing da Entidade pode resolver sem a necessidade de mudanças na legislação. 


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