Parlamentares
ligados ao funcionalismo passam de 35 para 70, o que pode dificultar mudança de
regras
Os servidores públicos, uma das categorias que mais lutaram contra a reforma da
Previdência durante o governo Michel
Temer, dobrarão sua bancada de deputados federais a
partir de 2019.
Isso pode dificultar a aprovação de mudanças na aposentadoria do
funcionalismo.
Dados do Diap
(Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar) mostram que, enquanto o
pleito de 2014 elegeu 35 deputados diretamente ligados ao serviço público,
nestas eleições esse número saltou para 70.
Dos servidores que garantiram seu lugar na
Câmara dos Deputados, metade é ligada à segurança: são policiais militares,
federais, civis e rodoviários ou mesmo militares, muitos deles beneficiados
pela onda Jair Bolsonaro. Não por acaso, 22 pertencem à legenda do capitão, o PSL (Partido Social
Liberal).
“Houve um aumento claro no número de servidores
eleitos, e isso aconteceu por causa da bancada da segurança”, diz Neuriberg
Dias, analista político e assessor do Diap.
Na avaliação de
sindicalistas ligados a servidores, que preferiram não se identificar, o
discurso foi suavizado por causa de pressão que o candidato sofreu da bancada
da bala, policiais e militares.
Por outro lado, o
fato de que muitos dos servidores eleitos serão parte da base de um eventual
governo Bolsonaro também significa que o Poder Executivo exigiria deles um
alinhamento maior com suas propostas.
“Eles serão base
do governo e terão de dar exemplo”, lembra Leonardo Rolim, consultor de
Orçamento da Câmara dos Deputados e especialista em Previdência. “Isso aconteceu
com o PT logo que Lula entrou em 2003.”
FOLHA DE SÃO PAULO