Em vez de baixar gastos de clientes, propostas de senadores podem aumentá-los.
Medidas propostas pela CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Cartões têm o potencial de aumentar o custo do crédito para os clientes, ao invés de reduzi-lo. O colegiado foi formado para investigar a cobrança de "juros extorsivos".
Senadores sugerem a criação de tarifas para o uso do rotativo do cartão de crédito e do cheque especial, pedem que o parcelamento de compras com juros seja incentivado e querem o fim da publicidade do parcelado sem juros.
As medidas precisam de anuência do Banco Central ou de aprovação de leis.
A tarifa, que pode ser cobrada com os juros do rotativo do cartão de crédito e do cheque especial, hoje proibida, já está em discussão no BC.
A argumentação de bancos, sustentada por senadores no relatório da CPI aprovado na semana passada, é que ela existe em outros países, ajuda a remunerar o crédito disponível e também a pagar o risco de calote.
Em junho, o BC fez simulação dos efeitos dessa tarifa sobre o rotativo e concluiu que o cliente brasileiro ainda pagaria juros proporcionalmente mais altos do que os americanos se ela fosse adotada.
O fato de a autoridade monetária ter feito o estudo e registrado em relatório público deixou executivos de cartões otimistas com a eventual admissão da cobrança.
A criação da tarifa, porém, não é consenso.
Entre os executivos ouvidos pelo jornal, há quem considere a medida apenas uma forma de mascarar os altos juros —cartão de crédito e cheque especial têm taxas acima de 300% ao ano.
FOLHA DE SÃO PAULO