Informação clara é tão importante quanto descontos e promoções


Consumidor deve ficar muito atento aos anúncios de preços mais baixos.

Informação não é um enfeite nas relações de consumo. É fundamental, pois não podemos cobrar nossos direitos se não compreendermos muito bem os descontos, as condições de pagamento, as regras para fazer jus às promoções.

Já elogiei os aplicativos de supermercados que expõem boas ofertas nos smartphones. Mas a multiplicação de promoções não tem sido acompanhada de clareza na comunicação, o que deixa o consumidor em dúvida. Fica difícil saber o que realmente está mais em conta.


Não basta afirmar, por exemplo, que os produtos têm 30% de desconto. Os preços normais e promocionais devem estar visíveis, a fim de que todos os compreendam e comparem. Se houver juros para o parcelamento da compra, isso tem de ser exposto com destaque. 

Por exemplo, há supermercados que oferecem ofertas por aplicativo e pelo cadastramento em programas de fidelidade. Elas são cumulativas? Qual vale mais a pena, se o cliente tiver acesso às duas?

Discordo, além disso, da restrição de determinadas ofertas a quem tenha cartão de crédito da loja. Isso nos obrigaria a ter dezenas de cartões, o que não seria atitude recomendável, pois geralmente há custos para mantê-los, e sempre se corre o risco de furto e de perda. Isso sem contar a ameaça de descontrole no uso.

Por outro lado, o consumidor deve ficar muito atento às ofertas e promoções. Por exemplo, se tem o hábito de adquirir determinado item periodicamente, sugiro que anote o preço atual e guarde este registro. No futuro, quando for anunciada liquidação, poderá avaliar se o desconto foi realmente concedido sobre o preço real, ou se o item encareceu antes da promoção.

A gestão de compras dá trabalho, sim. Mas pode representar dezenas ou centenas de reais a mais –ou a menos– no final do mês. Há algumas regras que não mudam ao longo do tempo:

·         Produtos de época costumam ser mais baratos;

·         Consequentemente, hortigranjeiros e frutas tendem a ser mais caros fora da estação, ou quando houver perdas provocadas por seca, enchente ou greves que afetem o abastecimento;

·         Não adianta fazer estoque de produtos perecíveis, exceto em caso de aumento do consumo em função de algum evento especial, como festa de aniversário, ceia de Natal ou almoço para os amigos;

·         Pesquisar preços sempre vale a pena;

·         Comprar itens próximos ao vencimento só se justifica se forem consumidos dentro do prazo;

·         Adquirir determinado item somente porque o preço está muito bom pode nos levar ao consumismo, ou seja, a gastar mais do que deveríamos ou poderíamos;

·         Parcelar compras de supermercado é um convite ao endividamento, pois elas são frequentes e devem caber em nosso orçamento.

Maria Inês Dolci - advogada especialista em direitos do consumidor, foi coordenadora da Proteste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor).

Fonte: coluna jornal FSP

 

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