Pesquisas pouco inovadoras


Os sistemas de buscas não acompanharam o ritmo de mudanças da rede e estão aquém do seu potencial

Está satisfeito com os buscadores de internet? Então saiba que eles poderiam ser bem melhores do que são hoje. A "busca" já foi celeiro de inovação na web. Desde os tempos pré-Google (de empresas como Altavista e Lycos), havia uma corrida para ver quem organizaria melhor a informação na rede.

Há hoje uma sensação de que os buscadores (com Google, Yahoo!, Bing e o novato DuckDuckGo) estão aquém do seu potencial. Uma das razões é que parte crescente dos conteúdos está atrás de "muralhas" privadas, como aplicativos de celular e redes sociais. Buscadores não os enxergam. O outro fator é que a rede mudou e a inovação nesse campo não acompanhou. Assim, conflagrou-se um campo para dirupção.

Vale, assim, pensar em como os buscadores poderiam ser melhores. Algo que precisa ser feito imediatamente é facilitar o uso de operadores "booleanos" (que usam palavras específicas, como "e", "ou" e "não" para combinar os termos de uma pesquisa). A maioria das pessoas simplesmente não sabe usar esse tipo de comando, que poderia ser facilmente substituído por linguagem natural. Por exemplo "mostre tudo sobre A que não inclua B" é mais fácil do que digitar "A não B". Os buscadores devem entender o que o usuário quer a partir da forma como a pergunta é formulada.

Outro avanço seria incluir informação contextual sobre cada resultado. No mundo de hoje, tão importante quanto a informação é saber de onde ela provém. A autoria é elemento essencial para se estabelecer a credibilidade do que encontramos na rede. Os buscadores hoje não entram a fundo nessa seara, mas deveriam. Seria ótimo enxergar não só o resultado da busca, mas também uma análise detalhada de onde veio aquela informação.

Outro território para avanço é o modelo das recomendações. Da mesma forma com que serviços como o Netflix ou a Amazon se valem de funções como "quem gostou disso também gostou daquilo", buscadores poderiam trilhar caminho similar –mapear as ligações que se formam entre os resultados a partir da sua utilidade para os usuários e mostrar claramente esses caminhos.

Deveria haver também a consolidação de dois eixos bem definidos para as buscas. Um deles subjetivo, baseado no perfil do usuário, preferências e histórico de buscas. E outro com base em critérios objetivos, que independem de qualquer preferência pessoal. Isso evita que os buscadores se tornem também "caixas de ressonância" das nossas próprias ideias e traria mais diversidade aos resultados. Vale aqui parafrasear frase de Gilberto Gil: o usuário sabe o que quer, mas também quer o que não sabe.

Depois de anos sem novidades grandiosas, a inovação no mercado de buscas está fermentando novamente. E como tudo no mundo de hoje, nenhum modelo de negócios está à salvo. Novas ideias podem gerar novas grandes empresas.

Ronaldo Lemos -  advogado e diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro 

Fonte: jornal FSP

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