Envelhecimento, aquecimento global e tecnologia vão mudar relações de consumo


Envelhecimento, aquecimento global e tecnologia vão mudar relações de consumo

Combinação de sustentabilidade, IA e consumidores acima dos 60 anos vai ditar o tom das fábricas, das lojas e dos serviços.

As relações de consumo vão mudar muito rapidamente nos próximos anos. Não se trata de chute nem de mania de Nostradamus. 

É bem possível projetar esse cenário, em linhas gerais, em função de alguns fenômenos: aquecimento global muito mais rápido do que se previa; avanços tecnológicos como inteligência artificial; maior percentual de idosos na pirâmide etária; acordos do Mercosul com outros mercados.

Embora já se abordasse o aquecimento global com bastante ênfase desde a Rio-92, as lideranças globais pouco fizeram para reduzir o uso de combustíveis fósseis.

Também não houve, por exemplo, o apoio esperado para que os países em que se situa a Amazônia tivessem apoio financeiro para implantar uma economia verde e proteger a maior floresta tropical do mundo.

O atual verão europeu, contudo, deverá repercutir com muito mais força na cobrança por proteção ambiental. Países em que o frio e a neve são mais comuns do que o calor intenso, têm enfrentado temperaturas superiores a 40ºC. 

Caiu a ficha de que não temos muito tempo para ao menos evitar que tudo fique muito pior.

Vai aumentar consideravelmente a pressão contra os veículos movidos a combustíveis fósseis, e pela aceleração da fabricação e uso de carros elétricos.

O grande avanço da IA e dos algoritmos tornará o Marco Legal da Inteligência Artificial mais do que necessário: urgente, inadiável. 

As relações de consumo serão influenciadas pela capacidade de rastreio, mapeamento e indução de compras de produtos e de serviços.

Já no caso dos idosos, será necessário modificar a forma de produzir, vender e atender o cliente. 

Primeiramente, acabando de vez com os preconceitos e estereótipos vinculados ao etarismo. 

Mulheres e homens mais velhos não querem ser vistos apenas como vovôs fofinhos. Muitos deles ainda trabalham, mesmo que em atividades e jornadas menos exaustivas, e continuarão no mercado de trabalho.

Terão as limitações derivadas da idade, sim, mas cada vez mais disporão de tratamentos, medicamentos e de exercícios físicos para manter a saúde e a disposição para viver bem por muito mais tempo do que se vivia no passado.

Fabricantes de veículos, roupas, calçados, smartphones e outros dispositivos eletrônicos terão de levar o consumidor idoso em consideração. E tratá-los com mais respeito, conforto e atenção.

Então, a combinação de sustentabilidade, inteligência artificial e consumidores e consumidoras acima dos 60 anos vai ditar o tom das fábricas, das lojas e dos serviços técnicos e de lazer.

Quanto aos acordos comerciais, tendem a ampliar a gama de produtos e de serviços disponíveis, intensificando a concorrência e as ofertas em lojas físicas e virtuais, com novos padrões de consumo.

Há um outro fator a ser considerado: os jovens de hoje são mais exigentes, menos apegados a símbolos de status (como carro e casa própria) e estão muito atentos ao respeito à diversidade e ao meio ambiente.

As empresas estão preparadas para este novo mundo?

Algumas sim, muitas não. Um lembrete: consumidores jovens e críticos, e os mais maduros e experientes não vão engolir táticas como greenwashing, ou seja, propaganda enganosa que cria uma falsa impressão de sustentabilidade de processos e de produtos.

Mudar e melhorar vai doer bem menos do que persistir no atraso. E, como bônus, teremos a chance de um mundo melhor.

MARIA INÊS DOLCI - advogada especializada na área da defesa do consumidor.

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