Teste seu antifeminismo e pare de dar vexame


Descubra se você é antifeminista ou só ignorante mesmo .

A mulher pode se dizer antifeminista —afinal, ninguém é perfeito—, mas proponho um teste para que evite vexames.

Primeiro: Existe feminista vaidosa? Sim, e como! Mas mesmo a feminista peruaça não acha que tem que ser mais jovem ou mais bonita do que o homem. Cérebro e caráter fazem muito sucesso com os 
homens que valem a pena.

Segundo: São as feministas peludas? São, quando desejam ser peludas. Caso contrário, elas se depilam ou multicolorem os pelos, vai do gosto. 

Aliás, é disso mesmo que se trata: de dispor do corpo como quiser. Talvez, a mulher antifeminista tenha ficado chocada, por exemplo, com a performance de Valie Export em “Genital Panic” (Munique, 1968), na qual a artista, em vez de mandar um vídeo para a exposição, sentou-se diante do público descabelada, de pernas abertas e com o sexo à mostra, segurando uma arma.


1º Congresso Antifeminista no Rio de Janeiro, comandado por Sara Winter, ex-Femen e atual autointitulada antifeminista

 

Para bom entendedor uma performance basta: “Meu corpo, minhas regras”. Faz “só” 50 anos, mas deu o que falar! A outra opção seria usar a arma contra alguém. Mas essa teria sido a resposta da masculinidade dos homens frágeis.

Terceiro: As mulheres feministas não querem filhos? Há as que querem e há as que não querem. De qualquer jeito, elas não acham que mulher sem filho é “jardim sem flor”. Mas tem um detalhe: feministas costumam colocar no mundo filhos/filhas feministas. É uma praga.

Quarto: Como é o sexo da feminista? Algumas acham melhor abrir mão dos homens, mesmo não sendo lésbicas, pois sofreram demais na mão deles ou viram muito sofrimento das outras.

Outras aproveitam que não estão mais submetidas ao sexo marital, ao casamento arranjado ou baseado na dependência financeira para transar gostoso. Tem aquelas que gostam de levar/dar uns tapas durante o sexo, mas tem que ser na hora, no lugar e do jeito que elas querem.

Quinto: Atenção, essa questão vale mais pontos, pois se trata de um dos maiores riscos de se passar vergonha. Feminista cuida da casa? Tem feminista que adora cozinhar, lavar roupa, cuidar da casa, dos filhos, cuidar do maridinho/esposinha.

A diferença é que ela não faz isso porque “é coisa de mulher”, mas porque ela pode, quer ou precisa. A feminista sabe que trabalho doméstico é trabalho, embora não seja devidamente remunerado.

Sexto: Você repudiaria publicamente o direito ao voto, a casar com quem quiser e se quiser, a ter filhos ou a não tê-los, a vestir o que bem entender, a ler, a se sustentar, a dirigir, a jogar futebol?

A lista é longa, mas como se sabe, são direitos conquistados. Pode parecer que esses direitos nasceram junto com a Terra plana, mas eles envolvem muita luta, violência e mortes.

As mulheres na Arábia Saudita não podiam dirigir até o ano passado e só passaram a votar em 2015. Malala Yousafzai, aos 15 anos, levou tiros por querer estudar no Paquistão. Mulheres no Brasil ainda não podem decidir se seguem ou não com a gestação.

Sete: Homens podem ser feministas? Ponto controverso, mas comungo com a corrente que defende que feminista é qualquer sujeito lutando pelo direito à igualdade de escolhas e oportunidades entre sexos e gêneros.

Adendo: As feministas não estão livres de preconceitos, longe disso, mas se dedicam a se livrarem deles.
Se você provou seu antifeminismo tem direito ao prêmio, pode escolher: burca, casamento compulsório ou visto de residência no Iêmen.

Agora, se você quer continuar a usufruir do que as que vieram antes de você conquistaram, pare de dar vexame, amiga.

Vera Iaconelli - diretora do Instituto Gerar, autora de “O Mal-estar na Maternidade”. É doutora em psicologia pela USP.

Fonte: coluna jornal FSP

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