Choque de realidade


Família sob nova direção: você está preparado para assumir as finanças amanhã?

Não se fala abertamente sobre dinheiro com familiares, colegas de trabalho ou entre amigos.

É sempre uma conversa velada, de meias palavras, que oculta a situação financeira de uma pessoa ou família, especialmente quando as notícias não são boas.

No casamento, é comum que um dos cônjuges assuma a responsabilidade da gestão financeira, mesmo quando o outro contribui com parte de seu salário para pagar as contas da casa.

Se o simples orçamento familiar é cercado de certo mistério, não é raro que as dívidas sejam guardadas sob segredo de Estado, trancadas a sete chaves, como se fosse um problema que temos vergonha de compartilhar.

Informação sobre investimentos, quais são e onde estão, também é preocupação de apenas um dos membros da família, como se fosse um assunto que não diz respeito aos outros ou, então, tão complexo para o entendimento de todos que ficamos aliviados e agradecidos àquele que assume a responsabilidade dessa gestão.

Será que temos seguro de vida, de carro, da casa? Qual é o custo e qual é a cobertura do plano de saúde? Quando oferecido pela empresa em que um dos cônjuges trabalha, qual é o plano B em caso de perda do emprego? O valor do seguro de vida é suficiente para cobrir quantos meses do orçamento familiar caso o provedor venha a faltar? Quem são as pessoas de contato em bancos, seguradoras e outras empresas?

Esses são apenas alguns exemplos de informações que hoje podem ser do conhecimento de apenas um dos membros da família. Se essa pessoa faltar, por morte ou separação, não será nada fácil para quem assumir a nova responsabilidade.

Maria Helena não sabe por onde começar. Perdeu prematuramente seu marido, diretor financeiro de uma grande empresa, morto em um acidente. Natural que ele fosse responsável pelas finanças, considerando sua experiência profissional e contato com esses assuntos.

Ela e os filhos, já adolescentes, nunca se envolveram, afinal o patriarca dava conta do recado com perfeição. Muito difícil conviver com a perda do ente querido e assumir, sem nenhuma qualificação ou aviso prévio, a responsabilidade pelas finanças da família.

Raquel ainda não se refez da surpresa da notícia da separação. Depois de 20 anos de casamento, tomou conhecimento de que Fernando decidiu constituir nova família.

Ele não pretende desamparar financeiramente sua ex-mulher e filhos e, perante os advogados, manifesta sua disposição de arcar com as responsabilidades que for obrigado a cumprir.

Embora beneficiada com a partilha de bens, Raquel está muito insegura com a situação e se sente totalmente despreparada para assumir o controle financeiro da família.

Rodrigo surpreendeu a mulher, Roberta, quando disse que precisa conversar sobre um assunto que manteve em segredo durante meses. Não se tratava de confessar que teve um caso fora do casamento nem que estava apaixonado por outra mulher.

Comunicou a existência de dívidas, assumidas em bancos para bancar o alto padrão de vida que sempre tiveram.

Ele contraiu dívidas contando com a entrada de comissões e bônus generosos, tradicionalmente distribuídos pela empresa em que trabalha. A crise afetou o resultado dos negócios, e a entrada do dinheiro não veio e talvez não venha.

Felizmente se deu conta de que não pode mais ocultar essa situação da mulher, que será preciso ajustar o padrão de vida e, juntos, buscar solução para o problema.

Se você controla as finanças da família, compartilhe as informações com o cônjuge e filhos. É importante que eles saibam quanto custa manter o padrão de vida da família e sejam corresponsáveis pelas decisões tomadas.

Se você se mantém afastado da gestão financeira, procure se envolver e tomar conhecimento de tudo o que acontece com as finanças da família. Prepare-se para assumir o comando a qualquer momento.

Marcia Dessen - sócia do BMI (Brazilian Management Institute), diretora do IBCPF (Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros) e autora do livro "Finanças Pessoais: o que fazer com meu dinheiro" (Trevisan Editora, 2014).

Fonte: blog.bmibrasil.com.br/financaspessoais
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