Bancos estudam trocar senhas de acesso por biometria


Com milhões de clientes vítimas de roubos de identidade, instituições financeiras se voltam a tecnologias como leitores oculares

 

As senhas bancárias podem estar a ponto de desaparecer — para sempre.

Alguns dos maiores bancos dos Estados Unidos, reconhecendo que as senhas tradicionais são complicadas demais ou deixaram de ser seguras, estão recorrendo a impressões digitais, reconhecimento de face e outros recursos biométricos para proteger contas.

Milhões de clientes do Bank of America, JPMorgan Chase e Wells Fargo usam digitais rotineiramente para acessar suas contas bancárias por celulares. O recurso permite que uma grande parcela dos clientes dos bancos verifique identidades pela biometria. Outros milhões devem optar por esse sistema à medida que mais celulares passarem a oferecer leitores de impressões digitais.

Outros usos da biometria também começam a surgir on-line. O Wells Fargo permite que alguns clientes usem seus celulares para um reconhecimento ocular que lhes dá acesso a contas empresariais, por meio das quais transferências de milhões de dólares são realizadas. O Citigroup pode ajudar a verificar 800 mil clientes de cartões de crédito por sua voz. E a USAA, que oferece serviços bancários e de seguros aos militares norte-americanos, identifica alguns de seus clientes por reconhecimento facial.

Essas ações refletem a preocupações por tantas centenas de milhões de endereços de e-mail, números de telefone e outras formas de identificação pessoal terem caído nas mãos de criminosos.

“Acreditamos que a senha esteja morrendo”, disse Tom Shaw, vice-presidente da USAA. “Percebemos que é preciso deixar para trás as informações de identificação pessoal devido ao crescente número de violações de dados”.

A biometria vem sendo testada por grandes bancos há décadas, mas só recentemente se tornou suficientemente efetiva e barata para uso amplo. Em muitos protótipos originais, o reconhecimento facial podia ser prejudicado por má iluminação e o reconhecimento de voz impossibilitado pelos ruídos de fundo ou uma laringite.

Antes havia um obstáculo maior: para capturar uma impressão digital ou ocular, um banco teria de pagar pela distribuição da tecnologia necessária a dezenas de milhões de clientes.

Hoje, muitos modelos do iPhone já contam com telas de toque capazes de identificar impressões digitais. As câmeras e microfones dos aparelhos móveis são tão poderosos que podem registrar os detalhes necessários para criar uma identidade biométrica.

Na busca pela segurança e conveniência, porém, os clientes entregam às instituições marcas de identificação físicas únicas. É fácil mudar uma senha. Mas uma impressão digital dura para sempre.

Alguns executivos de bancos dizem que os clientes perguntam se suas informações biométricas serão arquivadas em um banco de dados privado. Os bancos não mantêm arquivos das impressões digitais ou imagens oculares. Em lugar disso, criam e armazenam o que chamam de “templates” — sequências numéricas longas e difíceis de memorizar — com base na leitura das impressões digitais ou imagens oculares de seus clientes.

É possível que ladrões usem esses templates biométricos para roubar dinheiro, mas os bancos dizem ter trabalhado para desenvolver salvaguardas adicionais. No caso de alguns sistemas de autenticação por voz, eles usam perguntas para que o cliente prove que está falando ao vivo. Muitas das leituras oculares requerem que os clientes pisquem ou movimentem os olhos, a fim de impedir que um ladrão use uma foto.

O Wells Fargo vem trabalhando com a EyeVerify, uma startup do Missouri, para desenvolver sua técnica de leitura ocular. A tecnologia cria um mapa das veias no branco do olho. As leituras oculares estão entre as tecnologias biométricas mais resistentes a falhas, dizem especialistas.

Em lugar de leituras de olhos, o Bank of America optou pelas impressões digitais. Desde que começou a oferecer essa opção, em setembro, 33% dos 20 milhões de clientes do banco dotados de acesso via aparelhos móveis passaram a entrar em suas contas usando uma impressão digital.

Há limites, porém, para até onde um cliente médio de varejo pode avançar pelo processo bancário sem uma senha. O JPMorgan Chase, por exemplo, permite acesso dos clientes às suas contas por meio de impressões digitais, mas para movimentar dinheiro eles precisam também de uma senha.

Ainda assim, a velocidade das capacidades biométricas dos bancos é notável porque emerge de um setor conhecido por seus sistemas antiquados.

A tecnologia de leitura ocular do Wells Fargo funciona tão rápido que os desenvolvedores tiveram de retardá-la para que os clientes soubessem que suas identidades haviam sido identificadas.

Desde que a USAA passou a oferecer autenticação biométrica, há alguns meses, mais de 1,7 milhão de clientes passou a acessar contas usando impressões digitais ou reconhecimento de face ou voz.

“Não podemos confiar nas informações de identificação pessoal”, disse Shaw. “Será preciso confiar na biometria”.

 Michael Corkery – repórter do jornal new York Times

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