Funcionário competente deve ser premiado, mas não precisa virar chefe


Metas duras, corte de custos, reclamações de clientes, demissões de colegas, excesso de trabalho: em épocas de crise, as empresas podem se tornar ambientes ainda mais hostis do que normalmente já são. Portanto, é justamente nesse momento que a figura do líder se torna ainda mais importante.

Aquele que se coloca à frente da equipe assume riscos, apresenta novas ideias, indica caminhos, oferece ajuda, trabalha em nome do grupo. Esse é o verdadeiro líder.

A crise atual trouxe muitos problemas para as empresas. Mas uma das questões mais graves que ela escancarou foi a baixa qualidade da liderança —e a angústia que essa ausência provoca nas equipes.

As pessoas estão inseguras, perdidas e paranoicas. Sem um bom líder no comando, a confiança e a cooperação desaparecem.

A meu ver, uma das causas da má qualidade da liderança está nos critérios de promoção. Cada vez mais, a única régua usada para medir o desempenho do funcionário é a meta. Assim, quem atinge a meta não apenas ganha bônus como se qualifica para ocupar cargos de chefia.

 Parece justo, mas esse modelo esconde uma falha. É evidente que uma pessoa competente precisa ser bem remunerada e premiada. Ninguém questiona isso. Só não precisa necessariamente ser promovida a chefe. Há outros caminhos para ascender na carreira.

O melhor vendedor deve ter a melhor remuneração da equipe de vendas, mas não tem necessariamente de ser o líder desse time. A liderança deve ser ocupada por aquele com maior capacidade de melhorar a performance de toda a equipe, e não apenas de si mesmo.

Pela lógica torta da maioria dos negócios, porém, o melhor vendedor será promovido a chefe, mesmo que não tenha as características básicas que um bom líder precisa ter.

Ao fazer isso, a empresa comete pelo menos três erros. Em primeiro lugar, compromete o desempenho de seu melhor vendedor, que agora estará ocupado com outras tarefas. Depois, cria um chefe inábil, que não vai ajudar ninguém a vender mais e ainda culpará a equipe pelos maus resultados.

Por fim, ao promover alguém baseado apenas na conquista de metas, a empresa ainda mostra que o que importa mesmo são os resultados. Todos percebem que, na prática, as atitudes que demonstram confiança, cooperação e respeito não são realmente apreciadas.

Valorizar apenas as metas, promover pessoas sem considerar competências comportamentais e transformar ótimos profissionais em péssimos chefes: essa é a fórmula para criar um ambiente de trabalho hostil e inibir a formação de verdadeiros líderes.

É preciso fazer o contrário disso para reverter a crise de liderança nas empresas.

Américo José - consultor de empresas e palestrante

Fonte: artigo jornal FSP

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