Pobreza, crack, Aids e tuberculose


O bolsa família pode acabar com a fome, mas não acaba com a pobreza.

Quando surgiu o tratamento clínico e efetivo para a tuberculose --antes, predominava a cirurgia ou apenas repouso--, tudo indicava que a doença ficaria sob controle.

A pobreza continua, o crack apareceu, o HIV se espalhou e a tuberculose voltou.

Segundo a OMS, a tuberculose é a quarta causa de doença no Brasil e a primeira causa de morte entre os doentes de Aids, por ausência de defesa imunológica.

Igualmente o consumo de crack vem contribuindo para disseminação da doença entre os usuários, refere Vânia Dias Cruz, da UFRGS (Universidade Federal de Rio Grande do Sul). Ela explica que o compartilhamento do cachimbo, o acúmulo dos usuários de drogas em ambientes fechados e isolados e a desnutrição favorecem a progressão para a doença ativa.

Na "Revista Brasileira de Epidemiologia" deste mês, Lisiane Acosta e Sérgio Luiz Bassanesi analisam a alta incidência da tuberculose em Porto Alegre, com base em seis anos de estudo de 4.602 casos novos de tuberculose pulmonar bacilífera.

Os autores do estudo verificaram que a doença não apresenta distribuição homogênea na cidade.

A maior incidência de casos está nas favelas, locais com alta densidade intradomiciliar (mais de seis moradores por domicílio). Bairros com melhores condições socioeconômicas apresentavam menor incidência da doença.

Julio Abramczyk – médico cardiologista, faz parte do corpo clínico do Hospital Santa Catarina, é vice-presidente da Associação Ibero-Americana de Jornalismo Científico e membro da Associação Brasileira de Jornalismo Cientifico.

Fonte: coluna Plantão Médico do jornal Folha de São Paulo

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