A economia brasileira vai mal. Há quatro anos, o crescimento decepciona. A indústria está estagnada. Sua produção é hoje menor do que
em 2007. A inflação está subindo. O mercado detrabalho está piorando. Após as eleições, ganhe quem ganhar, os
ajustes para controlar a inflação e as contas públicas causarão nova decepção
com o crescimento em 2015. Não é de se surpreender que a confiança na economia
brasileira esteja nos níveis mais baixos em mais de cinco anos.
Nestes momentos, surgem as oportunidades. Quando o pessimismo
reina, a maioria se retrai, a concorrência diminui e as grandes chances
aparecem. A mãe das oportunidades são os problemas. A lagarta não escolhe virar
borboleta. Ela se transforma porque não tem escolha.
Além disso, mesmo em uma economia que vai mal, há setores e regiões que
prosperam. Doze setores e regiões que devem crescer mais do que a economia nos
próximos anos:
1) Infraestrutura – Está em frangalhos, mas não falta
financiamento nem interessados em investir. Atualmente, a China constrói a cada
ano mais infraestrutura que toda a infraestrutura brasileira. Para este quadro
mudar, basta o governo melhorar o marco regulatório;
2) 2) Energia – Temos o pré-sal, mas a Petrobras está com a corda no
pescoço. A Petrobras precisa explorar logo essas reservas. O consumo de
petróleo nos países desenvolvidos cai há décadas. A demanda global tem sido
sustentada pelos emergentes, mas isto não vai durar para sempre. O governo tem
que criar condições para acelerar os investimentos e a produção. O preço da
gasolina vai subir, o que também deve tirar a corda do pescoço do setor
sucroenergético. Faltará ainda desarmar o imbróglio causado no setor elétrico;
3) 3) Comércio – O consumo cresce mais do que o PIB quase todo ano
desde 2004, impulsionando, junto com o crédito, a expansão do comércio. 2014
será o 11o ano consecutivo, em que as vendas do varejo crescerão
mais do que a produção da indústria;
4) 4) Agronegócio – Seu superávit aumentou de US$ 9 bilhões em 2001
para mais de US$ 90 bilhões nos últimos 12 meses. Nenhum país tem mais área
cultivável ou água doce disponíveis que o Brasil. A produtividade tem crescido.
Chineses e indianos têm fome. Somos nós que vamos alimentá-los
5) Centro-Oeste – É o celeiro do Brasil e o Brasil é o celeiro do
mundo;
6) Interior do país - Impulsionadas pelo agronegócio e pela mineração, as
cidades médias do interior crescem mais, geram mais empregos e atraem mais
migração do que as capitais dos estados, mudando o eixo do consumo e da
logística no país;
7) Educação – Em toda área em que o setor público não presta um
bom serviço surge uma oportunidade para o setor privado.
8) Saúde – Hospitais,
laboratórios, redes de farmácias e planos de saúde crescem para suprir o que o
governo não entrega.;
9) Serviços – Quase 60 milhões de pessoas que ingressaram nas
classe A, B e C nos últimos 10 anos demandam mais serviços. Ao contrário da
indústria, que não consegue repassar os aumentos de custos de mão de obra,
aluguéis e matérias primas por conta da concorrência internacional, o setor de
serviços tem conseguido sustentar sua rentabilidade. Ninguém sai daqui para
cortar o cabelo na China, mesmo que custe 1/10 do preço;
10) Nordeste – Em todos os Estados nordestinos mais de 50%
famílias recebem o Bolsa-Família, expandindo o consumo e o crescimento econômico
na região;
11) Setor imobiliário – Desaceleração econômica, boatos de estouro
de bolha após a Copa e incertezas geradas pelas eleições derrubaram as vendas
recentemente. Ainda assim, os preços continuaram em alta, na maioria dos casos.
O volume de vendas deve se recuperar assim que a expansão do crédito volte a se
acelerar.
12) Setor automotivo – Contração do crédito por conta de aumento
de inadimplência freou as vendas no primeiro semestre. Hoje, só 35% das vendas
de automóveis no país são financiadas contra 70% no mundo. Quando o crescimento
do crédito retomar seu vigor, as vendas de veículos também retomarão.
Ricardo Amorim - economista, apresentador do programa Manhattan Connection da Globonews e presidente da RicamConsultoria.