Gestão de pessoas é o coração da empresa


A gestão de pessoas não é apenas uma parte da empresa, ela é o coração da empresa.

No sermão do Dia dos Pais, o frade citou uma frase fabulosa de santa Terezinha: os passarinhos aprendem a cantar com os pais. É o exemplo que importa. Como os animais ensinam? Eles não têm palavras, eles têm exemplos, liderança.

Eu tive de dar a volta por baixo nessa história de gestão de pessoas. Fazer a transição do chefe bravo que só constrói coisa pequena na base do "top-down" para o gestor consciente de que, para construir um sonho grande, é necessário engajar as pessoas encaixando na mesma cultura o seu sonho e o sonho de cada um do time.

Os maiores empresários do Brasil são vidrados em gestão de pessoas, em criação de times. Por trás de uma empresa maravilhosa há sempre uma gestão inspiradora de talentos. Mas como motivar pessoas que todos os dias abrem o jornal e só veem esse momento difícil do país? Não é mole. Como motivar um sonho grande no momento em que tudo se apequena? Não é fácil.

Se me permite uma brincadeira, o maior motivador do mundo foi Moisés. Ele fez o povo andar 40 anos no deserto para ver um terreno. E como motivar gente que viu o mar se abrir e mesmo assim descreu? É o desafio da natureza humana.

Nosso genial Machado de Assis tem um conto no qual o demônio, com muita inveja de Deus, decide montar uma igreja para todo o mundo fazer o mal. Logo ele fica frustrado ao descobrir que as pessoas estavam fazendo o bem escondido. Deus então diz ao demônio: Achei que você entendesse a natureza humana.

Uma das coisas que eu mais faço é andar pelas nossas empresas. É a gestão sola de sapato. Não dá para só mandar WhatsApp e e-mail. É preciso olhar nos olhos, pegar as pessoas na mão, entender a natureza humana. Um antigo sócio meu dizia que, para compreender uma pessoa e saber se ela estava motivada e engajada, era preciso tirar o som da sua boca e ler os seus gestos, o seu olhar.

No mundo da diversidade e da competitividade, ou somos inspiradores e atraímos pessoas ou não teremos futuro. Quando eu tinha uma empresa pequena, achava que eu ensinava. Quando a empresa cresceu muito, vi que era eu quem tinha o que aprender com tanta gente boa ao redor.

Se perguntar aos maiores empresários do Brasil qual a peça-chave da empresa, todos dirão –pessoas. Quem não compreende esse papel fundamental são líderes de empresas pequenas ou que estão se apequenando e caminhando ao fracasso.

É preciso criar ambientes inspiradores. Antes as pessoas trabalhavam por dinheiro. Elas seguem trabalhando por dinheiro, mas o dinheiro não é mais o centro. O centro é a felicidade, a inspiração, o sonho.

O balanço de uma empresa retrata o passado, não mede o seu pulso. Para saber para que lado a empresa está indo, ande por ela, abra seus poros, sinta sua vibração na vibração de cada pessoa.

O mundo está mudando, as pessoas precisam mudar. Antes a gente perguntava como Davi ia derrotar Golias, mas no mundo de hoje virou como Golias vai derrotar Davi. Isso implica mudança de cultura, e mudança de cultura implica mudança nas pessoas.

Não dá para ter um Brasil diferente sem que os brasileiros e brasileiras mudem. É gestão de pessoas a nível nacional, via educação e exemplo. Pois é nas pessoas que está a centelha divina a nos formar e guiar. Como canta Caetano, gente é espelho de estrelas, reflexo do esplendor.

 

Nizan Guanaes - publicitário baiano, é dono do maior grupo publicitário do país, o ABC.

Fonte: coluna jornal FSP

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