Saiba onde investir nos dias de hoje



A taxa de câmbio do dólar norte-americano caiu de R$ 4,16, em 20/1, para R$ 3,25, em 22/7, recuo de 28%, e você lamenta já ter comprado os dólares da próxima viagem.

O Ibovespa, índice da Bolsa de Valores de São Paulo, subiu de 37.376 pontos, em 25/1, para 57.002 pontos, em 22/7, alta superior a 50% em seis meses. E você se arrepende de não ter aplicado pelo menos um pouquinho do seu dinheiro em ações.

A taxa de juros de longo prazo cai, sinalizando a tendência de queda na taxa Selic. A valorização dos títulos de taxa prefixada, principalmente os mais longos, dá inveja e chega a irritar quem deixou o dinheiro aplicado em taxa pós-fixada, porto seguro para cenários de incerteza como o que estamos atravessando.

Que país é esse que o mercado precifica com tanto otimismo? Que fato novo justifica tamanha mudança? Quem tem dinheiro aplicado e quem tem dinheiro novo para investir está com a cabeça cheia de dúvidas.

Quem ficou de fora dessa festa deve estar se perguntando se não é hora de entrar. Confuso, questiona que fatos e perspectivas tão positivas explicam o bom humor do mercado.

O mercado está antecipando o céu azul que você ainda não vê, apostando que medidas econômicas virão para resgatar a economia. O fluxo de capital de investidores estrangeiros, sempre em busca de boas oportunidades de investimento, contribuiu tanto para a queda do dólar quanto para a alta do Ibovespa. O câmbio cai pelo aumento da oferta de dólares vendidos para aplicar em reais na Bolsa brasileira. E a Bolsa sobe em razão do aumento de investidores na ponta de compra.

Os investidores estrangeiros têm muito dinheiro para investir e põem em emergentes uma pequena fatia de sua carteira. Como nosso mercado é pequeno, basta essa pequena fatia para provocar elevação nos preços, essa onda de valorização.

Se você está pensando em entrar na Bolsa agora, influenciado pelo efeito manada, pare e pense. Você acha que o Ibovespa continua subindo depois de valorização tão expressiva? Você está disposto a perder parte do dinheiro que investir se o mercado recuar, seja porque o investidor que já ganhou muito vai vender suas ações e realizar os ganhos, seja porque as boas notícias que estavam sendo esperadas não vieram?

Se a resposta for positiva, avalie colocar na Bolsa uma pequena fatia da sua carteira e monte essa posição aos poucos. Como o mercado é muito volátil e ainda incerto, não compre tudo de uma vez. Não vá com tanta sede ao pote.

Quanto ao mercado de juros, penso que ainda há espaço para recuarem um pouco mais, se o governo de fato conseguir reduzir a inflação e melhorar a confiança dos investidores. É evidente que, quando o fato concreto for notícia, quando as cartas estiverem abertas sobre a mesa, a grande oportunidade já terá passado. Mas será mais seguro investir.

O cupom de juros da Tesouro IPCA+ 2019, por exemplo, caiu um pouco, chegou a furar a barreira dos 6% ao ano, mas fechou a 6,30% em 22/7. Os títulos mais longos já são cotados abaixo de 6%, embora muito próximos dessa taxa, sugerindo que a crise será vencida no longo prazo.

Quem já está posicionado em juros talvez possa esperar um pouco mais para sair. Juro real de 6% ao ano acima da inflação é um prêmio generoso que somente países em crise pagam para atrair investidores. Ou começar a sair, aos poucos, se tiver lucros polpudos para realizar.

Para os novos investimentos, a melhor recomendação é diversificar. Um pouco em taxa pós-fixada, opção mais segura e adequada para o cenário ainda incerto. Essa é a indicação perfeita para o dinheiro da reserva financeira e da liquidez, já que ambos podem ser necessários a qualquer momento.

Os títulos de taxa prefixada pagam na faixa de 12% ao ano, ante mais de 16% que pagavam meses atrás. Uma aposta arriscada com a taxa Selic ainda no patamar de 14,25%. Mas pode interessar para quem pode esperar o vencimento e prefere definir sua rentabilidade ou acredita que a Selic cai rapidamente e fica abaixo de 12%.

Os investidores que estão em dúvida e esperavam que eu dissesse o que fazer devem estar decepcionados. Mas eu seria imprudente se o fizesse. O que posso dizer, sem medo de errar, é recomendar diversificação sempre, cautela em períodos de euforia, e respeito ao seu perfil de risco. Siga seus instintos! 

Marcia Dessen - Planejadora financeira pessoal, diretora do Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros e autora de 'Finanças Pessoais: o que fazer com meu dinheiro'.                                                

Fonte: coluna jornal FSP

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