Autodefesa financeira


Para investir, além de conhecimento, é preciso usar técnicas de autodefesa.

Conferindo as notícias de cada dia, não é raro encontrarmos uma nova história de fraude financeira que prejudicou milhares de pessoas.

Segundo dados da Comissão de Valores Mobiliários, houve um crescimento importante na quantidade de ofertas e atuações irregulares nos últimos anos, tais como pirâmides financeiras, oferta de ativos sem supervisão da CVM e atuação de intermediários não autorizados. A CVM abriu 105 processos administrativos em 2018. Neste ano, o número deve chegar a 250.

A boa notícia é que você pode se proteger delas adotando algumas práticas de autodefesa.

– Investigue bem antes de investir, a informação é a primeira linha de defesa contra golpes financeiros. Desconfie de promessas de retorno elevado com baixo risco. Golpistas são, normalmente, pessoas simpáticas, habituadas a mentir, tenha espírito crítico.

– Verifique se o ofertante ou intermediário está autorizado a oferecer operações no mercado de valores mobiliários consultando o cadastro da CVM.

– Peça ao assessor para prestar serviços com o “dever fiduciário de cuidar”. Isso a obriga a basear suas recomendações no melhor interesse dos clientes ao fornecer aconselhamento financeiro, divulgar com transparência quaisquer conflitos de interesse (real, potencial ou percebido). Se o consultor evitar a abordagem ou não entende o termo, procure outra instituição financeira e outro consultor, você está no lugar errado.


- Peça ao seu consultor para explicar as vantagens e desvantagens de cada alternativa de investimento que ele oferece. Quando você ouve apenas as vantagens, não está ouvindo a história completa. Está recebendo argumentos enviesados, tendenciosos e omissos em relação a aspectos que precisam ser conhecidos e avaliados antes de decidir.

– Não decida sob pressão, não tenha pressa na hora de tomar qualquer decisão e não tome decisões importantes logo após uma mudança de vida, como o desligamento da empresa na qual trabalhou por décadas, um divórcio ou a morte de um ente querido. Encontre um parente ou amigo confiável para ajudar na reflexão e tomada de decisão.

– Antes de concordar com qualquer transação, avalie cuidadosamente os custos aos quais estará submetido ao longo do tempo. Solicite detalhes, onde está escrito. Se for percentual, questione qual é a base sobre a qual incide a percentagem. Por exemplo, a taxa de administração de fundos de investimento e planos de previdência (% ao ano) incide sobre o capital corrigido, e não apenas sobre os rendimentos, como acreditam alguns investidores.

– Nunca deixe espaços em branco na papelada e peça sempre versão final do contrato relativo à transação realizada.

– Sempre faça os pagamentos diretamente à instituição financeira, e não ao próprio consultor; questione qualquer situação que dê a ele acesso direto ao seu dinheiro. Faça os pagamentos e a transferência dentro do ambiente bancário tradicional, evitando empresas de meios de pagamento.

– Operações feitas fora do ambiente do Sistema Financeiro Nacional podem estimular o comportamento de pirâmides, quando pessoas inescrupulosas abusam da confiança depositada nos ambientes de convívio social, como clubes, igrejas e associações.

– Certifique-se de receber extratos regulares de outras fontes, independentes, e não apenas do seu consultor. Consulte, por exemplo, o extrato do CEI Canal Eletrônico do Investidor da B3 para conferir sua posição de ações, títulos privados e títulos públicos transacionados via Tesouro Direto.
 

Marcia Dessen - planejadora financeira CFP (“Certified Financial Planner”), autora de “Finanças Pessoais: O Que Fazer com Meu Dinheiro”.

Fonte: coluna jornal FSP

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