FUNDOS DE PENSÃO DA CALIFÓRNIA VÃO PROCESSAR A VW
Dois fundos de pensão gigantes da California pretendem processar a Volkswagen num tribunal alemão, unindo-se, assim, a outros investidores institucionais que defendem que a montadora deve pagar pelas perdas acarretadas pela revelação, no ano passado, de que manipulou testes de emissão.

Na ultima sexta-feira, o California State Teachers’ Retirement System, or CalSTRS, anunciou planos de integrar uma ação contra a VW. Um porta-voz do California Public Employees’ Retirement System, ou CalPERS, também confirmou que fundo está dando entrada, de forma independente, em ação semelhante.

Em 31 de dezembro, o CalSTRS possuía 354.000 ações ordinárias e preferenciais da VW. As ações ordinárias chegaram a cair 37% e as preferenciais 43% nas primeiras semanas após o surgimento do escândalo, que explodiu em setembro. Desde então, os papeis tiveram certa recuperação.

O CalSTRS informou que suas participações na VW valem hoje US$ 52 milhões, embora o fundo de pensão não tenha dado maiores detalhes sobre o quanto perdeu. Os investimentos na VW correspondem apenas a uma pequena fração do portfólio da entidade, que hoje soma aproximadamente US$ 180 bilhões em ativos.

“O escândalo das emissões afetou significativamente o valor da VW”, disse o CEO do CalSTRS, Jack Ehnes, em comunicado à imprensa. “As atitudes da Volkswagen são particularmente infames devido ao fato de a empresa ter se apresentado como uma guardiã do meio ambiente.”

Ehnes declarou que o fundo de pensão espera recuperar parte das perdas financeiras, além de enviar uma mensagem clara para VW e para toda a indústria automobilística “de que não irá tolerar ilegalidades”.

O CalPERS, maior fundo de pensão do país com ativos da ordem de US$ 279 bilhões, também detém ações da VW, embora não divulgue publicamente a natureza da sua participação na empresa desde o verão de 2014. Não se sabe se os dois fundos de pensão venderam ou compraram ações da companhia desde o escândalo das emissões.

Nos EUA, é relativamente comum que investidores processem empresas com ações negociadas em bolsa após quedas no valor dos papeis ocasionadas por escândalos. Na Europa, essa prática é menos comum, ressalta Bruce Simon, sócio do escritório de advocacia Pearson Simon & Warshaw, especializado em ações coletivas e disputas envolvendo papéis corporativos.

“Há muitos precedentes nos EUA, mas eu acho que o precedente passa longe de ser tão bem estabelecido como na Alemanha”, disse Simon. “Vai ser interessante ver aonde isso vai dar.”

Ricardo Duran, porta-voz do CalSTRS, disse que o fundo raramente se envolve nesse tipo de litígio fora dos Estados Unidos.

As ações iniciadas pelos fundos de pensão somam-se à longa lista de problemas legais decorrentes do escândalo que envolveu a instalação, pela empresa, de um software que permitia que seus motores a diesel emitissem menos poluentes durante os testes em comparação à experiência real de uso.

Somente nos EUA, a VW está enfrentando um processo civil iniciado pelo Departamento de Justiça em nome da Agência de Proteção Ambiental que acusa a empresa de violação de lei federal devido à instalação do software ilegal em 580 mil carros. As penalidades podem chegar a bilhões de dólares.

Além disso, centenas de ações judiciais coletivas movidas por proprietários e concessionárias da VW vem sendo registradas no tribunal federal de São Francisco.

O CalSTRS será representado pelo escritório de advocacia Quinn Emanuel. Duran diz que a expectativa é que outros demandantes se juntem ao caso nas próximas semanas.

O escritório de advocacia alemão Nieding + Barth disse, em janeiro, que daria entrada num processo contra a Volkswagen em nome de investidores institucionais dos EUA e Grã-Bretanha. O CalPERS pode vir a ser um dos investidores desse grupo, embora o porta-voz do fundo não tenha confirmado a informação.

A VW não respondeu ao pedido que fizemos para que comentasse o assunto. 



LA Times
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