FUNDOS DE PENSÃO ESTATAIS CHINESES PODERÃO INVESTIR NO VOLÁTIL MERCADO DE CAPITAIS DO PAÍS


A mídia estatal chinesa informou que, neste ano, Pequim poderá investir quase US$ 100 bilhões dos fundos de pensão estatais - cerca de um terço do total disponível para investimento - nos voláteis mercados de ações do país, trazendo, assim, uma “onda de liquidez” a esses mercados.

Anteriormente, os fundos de pensão da China, que respondem por 90% do volume de recursos da Previdência Social, só tinham permissão para investir em ativos mais seguros como depósitos bancários e títulos do tesouro. As novas regras permitirão investimentos em títulos, asset-backed securities, futuros e em grandes projetos de infraestrutura do país. O fundo de pensão estatal chinês possuía cerca de 4 trilhões de yuanes no final do ano passado de acordo com o Ministério de Recursos Humanos e Previdência Social. Metade desses recursos pode ser investida; a outra metade é utilizada no pagamento de benefícios.  

A mudança foi ocasionada pela saída de aproximadamente US$ 5 trilhões em recursos do país em junho passado, e a expectativa é que traga mais liquidez para o mercado de ações. Em agosto de 2015, o governo chinês finalizou as novas regras para os investimentos dos fundos de pensão, as quais permitem que até 30% dos ativos - o equivalente a cerca de 600 bilhões de yuanes (US$ 92 bilhões) sejam alocados em ações, fundos de renda fixa e renda variável.  

No atual sistema previdenciário chinês há 837 milhões de pessoas contribuindo e 226 milhões de aposentados. Os empregados contribuem com 8% do salário mensal para contas individuais de aposentadoria, enquanto os empregadores pagam 20% sobre a renda do trabalhador.

As novas regras estão sendo consideradas um ganho para o mercado de ações e para a Previdência Social chinesa. Por um lado, as bolsas de Xangai e Shenzhen ainda estão fracas apesar de o governo, em cooperação com os maiores brokers do país, ter injetado bilhões de dólares no mercado de ações. Os investidores contam com a entrada dos fundos de pensão para aquecer o mercado, um movimento que, segundo pesquisa recente da Bolsa de Valores de Shenzhen, parece mais promissor do que a tão esperada associação entre as bolsas de Shenzhen e Hong Kong.

Por outro lado, o governo enfrenta desafios para fazer frente ao pagamento dos benefícios devidos graças à política do filho único que perdurou por décadas e teve fim somente no ano passado. Alguns analistas afirmam que a lacuna entre o volume de recursos que o país precisa para pagar benefícios e o total arrecadado em contribuições pode chegar a US$ 11 trilhões nas próximas duas décadas. O governo também irá aumentar a idade de aposentadoria neste ano.

Ainda assim, associar o pagamento de pensões ao mercado acionário parece uma ideia ruim para muitos. Segundo Nie Riming, pesquisadora especializada em Finanças e Regulação do Instituto SIFL, com sede em Xangai, os fundos de pensão passarão a ditar as tendências do mercado de ações. 



Quartz
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