POLÔNIA DEVE REFORMAR INDÚSTRIA DE FUNDOS DE PENSÃO
O mercado de ações da Polônia volta a ser alvo de escrutínio na medida em que os novos líderes do país dedicam-se a reformar a indústria que controla um quinto das ações domésticas negociadas em Varsóvia.

A indústria de fundos de pensão polonesa, que administra US$ 35 bilhões em ativos, deverá ser revista no segundo semestre. O governo pretende, com isso, “aumentar a eficiência dos investimentos”, disse o ministro adjunto do Trabalho, Marcin Zieleniecki. Os doze fundos de gestão privada do país, em operação desde 1999, tiveram que abrir mão de 51% de suas alocações em títulos em 2014, quando o governo anterior buscou reduzir o nível de dívida da Polônia.

As ações polonesas têm deixado a desejar em relação aos papéis de mercados emergentes porque o governo eleito em outubro impôs os mais altos impostos sobre ativos bancários da União Europeia (UE) para cumprir a promessa de campanha de  aumentar os gastos sociais.

A mais recente reforma em andamento coloca em risco diversas diretivas de risco para os fundos de pensão, as quais foram criadas para fornecer uma fonte de financiamento local e de longo prazo para as empresas em desenvolvimento do país, bem como capital para empreendimentos no leste europeu, incluindo empresas da Ucrânia, que sofrem com a falta de recursos.  

“A incerteza sobre o futuro dos fundos de pensão impede que os investidores estrangeiros, nós inclusive, de investir em ações poloneses, ainda que o histórico do país seja atraente”, diz Andras Szalkai, que ajuda a supervisionar cerca de US$ 2 bilhões em ativos de mercados emergentes europeus na gestora Raiffeisen Kapitalanlage GmbH, em Viena. “Fica difícil avaliar os níveis de risco até que se saiba qual será o desfecho da reforma dos fundos de pensão”, acrescenta.  

A Polônia pode vir a fundir todos os fundos numa só entidade a ser administrada pela seguradora de controle estatal PZU SA ou o Banco Gospodarstwa Krajowego, informou o jornal Rzeczpospolita em 27 de maio, citando fontes anônimas do governo.  

É muito cedo para comentar sobre qualquer fusão de fundos de pensão, disse Zieleniecki.

“O governo está ciente de que o bem-estar da bolsa de valores de Varsóvia depende dos fundos de pensão. Mas da maneira como hoje se encontram os fundos não estão dando proteção aos futuros pensionistas ou investindo de forma eficiente”, disse Zieleniecki, por telefone.

O índice WIG20 de Varsóvia caiu 11% desde outubro em comparação com uma queda de 4,4% no Índice de Mercados Emergentes MSCI. As ações não foram os únicos papéis a perder valor, com o zloty enfraquecendo 3,2% em relação ao euro neste trimestre, a quarta maior queda dentre 24 mercados emergentes. Os títulos do governo polonês também caíram, passando a render 3,12% no prazo de 10 anos.

O governo pode vir a ampliar as opções de investimento para os fundos, já que as suas carteiras atuais, fortemente focadas em renda variável, não têm sido muito eficientes,  avalia Zieleniecki. A administração anterior assumiu os investimentos em títulos do governo, cancelou a dívida e proibiu os investidores institucionais de adquirir tais títulos. Enquanto isso, o índice WIG20 registra retornos negativos pelo terceiro ano consecutivo.

O economista-chefe do Banco ING Slaski SA, Rafal Benecki, afirmou: “Os investidores têm evitado a renda variável polonesa por algum tempo por temerem a venda maciça das ações em posse dos fundos de pensão após uma possível tomada desses ativos pelo Estado. “Essas propostas, se comunicadas de forma errada, podem afetar o zloty e demais ativos poloneses.” 



The Nation
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