BENEFÍCIOS SÃO MAIS BAIXOS EM PAÍSES DE LÍNGUA ALEMÃ


Os países de língua alemã da Europa, apesar de terem sistemas previdenciários bastante diferentes, enfrentam um problema comum: explicar às pessoas que a sua renda de aposentadoria pode ser mais baixa do que o esperado.

Na Conferência IPE deste ano, realizada em Berlim, representantes das indústrias de Alemanha, Áustria e Suíça falaram aos presentes sobre a agenda previdenciária de seus respectivos países. 

Heribert Karch, diretor-gerente da MetallRente da Alemanha e presidente da Associação dos Fundos de Pensão (ABA), disse que o país encontra-se em um ponto crucial de definição dos rumos do sistema previdenciário.

“É a última chance que temos de ingressar em um novo mundo no qual os planos privados deixem de ser apenas um beneficio ofertado por empregadores, passando a ser parte integrante da política social”, disse ele.

O atual projeto do governo visa permitir que os parceiros sociais criem planos desprovidos de garantias. “A proposta é resultado de um competente trabalho realizado pelo ministério”, afirma Karch.

 “Dessa forma, os parceiros sociais - chamados de Tarifparteien - poderão fazer algo pelas empresas, livrando-as do fardo financeiro imposto pela necessidade de complementação dos benefícios. Os parceiros sociais também poderão ajudar os sindicatos, auxiliando-os na criação dos planos.”

“O que algumas pessoas na Alemanha não querem ver são planos sem garantias, algo que se faz necessário para que esses veículos tenham ao seu dispor um leque mais amplo de opções de investimento.”

Christian Böhm, diretor-gerente do fundo de pensão austríaco APK, afirmou que as baixas taxas de juros poderão prejudicar ainda mais a reputação dos planos capitalizados na Áustria. “O atual ambiente de taxas de juros pode colocar em risco os avanços já obtidos em se tratando de convencer as pessoas da necessidade de se aderir a planos do segundo pilar.”  

Ele salientou que as taxas de reposição do primeiro pilar continuam diminuindo de uma geração para outra e que apenas 25% dos trabalhadores austríacos têm cobertura de planos do segundo pilar.

Böhm acrescentou que alguns níveis contributivos são “bastante inadequados”, especialmente no setor público, onde a poupança previdenciária no segundo pilar é obrigatória. “Um taxa de contribuição de 0,75% é no mínimo lamentável”, disse Böhm. “Somente as empresas que veem os fundos de pensão como uma vantagem competitiva fazem contribuições adequadas.”

Ueli Mettler, sócio da empresa de pesquisa suíça c-alm, disse que o cidadão suíço médio recebe o equivalente a 60% do salário final via o segundo pilar e apenas 20% através do primeiro.

Embora quase todos os planos de pensão tenham sido alterados de Benefício Definido para um modelo semelhante ao de Contribuição Definida, ainda há certas garantias sob a forma de taxas de conversão, disse Mettler. A referida taxa é aplicada aos ativos acumulados, além de contar com garantia vitalícia.

De acordo com a nova proposta de reforma do sistema AV2020, a taxa de conversão deve ser reduzida de 6,8% para 6%. “É possível atingirmos um consenso a respeito deste assunto, bem como sobre a possibilidade de aumentarmos minimamente a idade de aposentadoria para 65 anos tanto para homens quanto para mulheres”, afirmou Mettler.

“Mas o verdadeiro debate concentra-se agora em como poderemos compensar os cortes no segundo pilar e se deve haver um complemento universal aos benefícios pagos pelo primeiro pilar.” 



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