FUNDOS DE NOVA YORK RETIRAM INVESTIMENTOS DE PRISÕES PRIVADAS


Os fundos de pensão da cidade de Nova York decidiram retirar seus investimentos de empresas privadas que administram penitenciárias. O motivo seria um número recorde de abusos de direitos humanos “e o potencial risco de a indústria vir a sofrer prejuízos financeiros e de reputação de longo prazo”.

Em meados do mês de maio, os cinco fundos de pensão da cidade tornaram-se os primeiros dos EUA a retirar os investimentos de tais ativos, totalizando cerca de US$ 48 milhões em ações e títulos de GEO Group Inc., CoreCivic Inc. e G4S Plc, disse o Controlador da cidade, Scott Stringer, em comunicado divulgado na semana passada. O montante corresponde a uma pequena parcela dos mais de US$ 175 bilhões em ativos geridos pelos fundos de pensão de policiais, bombeiros, funcionários públicos, professores e gestores escolares de Nova York.

A decisão ocorreu após meses de discussões e depois da queda do valor das ações das empresas, ocorrida um ano antes, em função de uma ordem da então procuradora-geral adjunta dos Estados Unidos, Sally Yates, que determinou que o Conselho Federal Previdenciário (Federal Bureau of Prisons) deixasse de manter contratos com essas empresas. Embora as ações já tenham recuperado as perdas em meio a especulações de que o presidente Donald Trump deverá estimular a indústria, o fato chamou atenção para os riscos de se investir em uma indústria frequentemente criticada por lucrar com o aprisionamento alheio.

“Moralmente, a indústria quer voltar no tempo, revertendo o progresso obtido no âmbito da justiça criminal, mas nós não podemos ficar de braços cruzados, assumindo a posição de meros expectadores”, disse Stringer, que atua como consultor de investimentos e custodiante dos fundos. “Desinvestir é a melhor coisa a se fazer financeira e moralmente.”

O comptroller citou notícias e ações judiciais envolvendo abusos físicos e sexuais de presos, óbitos injustificados e o aumento da violência devido ao despreparo das equipes que trabalham em prisões administradas pela iniciativa privada.

“Essas falhas podem acarretar riscos morais, legais e regulatórios, prejudicando seriamente os investidores”, disse Stringer em um comunicado à imprensa.

Os preços das ações pertencentes às três empresas caíram em agosto após a decisão do Departamento de Justiça, perdas que foram recuperadas após a eleição de Trump. As ações da GE0, que caíram mais 40% em 18 de agosto, chegando a US$ 13, subiram posteriormente para US$ 31,48. Já os papéis da CoreCivic tiveram seu preço elevado em 22% neste ano, atingindo US$ 29,82.



Bloomberg
Tel: 11 5044-4774/11 5531-2118 | suporte@suporteconsult.com.br