CHILE DEBATE A ESTATIZAÇÃO DOS FUNDOS DE PENSÃO PRIVADOS


Uma das questões que mais preocupam os chilenos e será crucial na campanha presidencial de 2017, que já começou, é o que fazer com as administradoras de fundos de pensão (AFPs). 

O problema, cada vez mais evidente, é que apesar de passarem anos poupando em fundos de pensão privados, os chilenos acabam recebendo pensões de baixo valor, por vezes inferiores a US$ 200.

A situação já levou a população às ruas em diversas ocasiões, fazendo com que os principais candidatos ao palácio La Moneda comecem a debater o assunto.

Embora tenha mantido o status quo em relação aos planos de pensão durante o seu governo (2000 - 2006), hoje o ex-presidente Ricardo Lagos revela-se como uma das vozes mais críticas ao sistema AFP. O ex-presidente disse que as AFPs estão mais preocupadas com seus lucros milionários do que com a saúde financeira dos chilenos na aposentadoria. Ele propôs que todos os recursos de um eventual aumento nas contribuições sejam administrados por uma entidade estatal.

Recentemente, o governo de Bachelet anunciou uma proposta para aumentar em 5% as contribuições às AFPs. Contudo, essa parcela dos recursos poderia ser assumida pelo empregador e destinada a um fundo coletivo. A presidente também propôs a criação de uma AFP estatal.

Já o movimento “No Más AFP”, que liderou as manifestações populares, propõe mudanças radicais no sistema previdenciário que afetariam todas as partes interessadas. O financiamento dos benefícios seria tripartite, ou seja, de responsabilidade dos trabalhadores, empregadores e do Estado.

Por enquanto, Bachelet não cogita a criação de um sistema de repartição. Principal rival de Lagos, o também ex-presidente Sebastian Piñera (2010 - 2014) disse que “as AFPs têm desempenhado seu papel de forma aceitável, embora possam melhorar”. Contudo, ele criticou o fato de as AFPs não estarem genuinamente preocupadas com o bem-estar dos idosos.

Foi José Piñera, um dos irmãos do ex-presidente, que implantou no Chile o sistema de fundos de pensão privados durante o governo Pinochet. Hoje, os dois irmãos têm opiniões opostas sobre possíveis mudanças no sistema. 



El Telégrafo
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