FUNDOS DE PENSÃO GLOBAIS MIRAM ENERGIA SOLAR NA ÍNDIA


Em busca de retornos de longo prazo a partir dos chamados “investimentos verdes”, alguns dos maiores fundos de pensão do mundo miram oportunidades na produção de energia solar na Índia. O primeiro ministro indiano, Narendra Modi, almeja atrair US$ 100 bilhões em investimentos para o setor nos próximos cinco anos.

A demanda por energia na terceira maior economia da Ásia deve aumentar na medida em que a economia cresce e mais pessoas migram para as cidades. O governo indiano estima que a demanda por energia deve mais que quadruplicar nas próximas duas décadas, chegando a 690 giga watts (GW), o que exigirá um rápido aumento da capacidade de geração e transmissão de energia.

Tamanho potencial, associado a custos mais baixos de material solar e aos esforços do governo para conter a poluição, está atraindo investidores globais, incluindo os grande fundos de pensão canadenses: Canada Pension Plan Investment Board (CPPIB), Caisse de dépôt et placement du Québec (CDPQ) e Ontario Teacher's Pension Plan (OTPP).

O foco dos investidores é sobretudo na geração de energia solar, ou seja, no financiamento de parques solares de larga escala. O CDPQ, que tem CAN$ 270,7 bilhões (US$ 199 bilhões) em ativos líquidos, diz que planeja investir juntamente com a Azure Power, empresa listada de Nova York com cerca de 1 GW de capacidade solar em diversos estágios de desenvolvimento.

Outros investidores internacionais também já entraram no setor de energia renovável da Índia: a gestora de fundos holandesa APG, a Brookfield Asset Management do Canadá e os braços de private equity do Goldman Sachs, JPMorgan e Morgan Stanley, entre outras empresas de serviços públicos europeias.

A APG Asset Management, que no ano passado concordou em investir US$ 132 milhões em energia solar juntamente com a indiana Piramal Enterprises, está à procura de mais oportunidades de negócios.

Alok Verma, diretor executivo da Kotak Investment Banking, que presta consultoria a empresas interessadas em investimentos renováveis, disse que espera um aumento de pelo menos 5 GW na demanda por energia solar a partir do ano que vem, a maior parte dela financiada por fundos estrangeiros.


PENSANDO ALTO

A capacidade de geração de energia solar na Índia mais que triplicou em menos de três anos, chegando a 12 GW graças aos preços mais baixos dos módulos, ao custo reduzido dos empréstimos e à ajuda do governo. Contudo, esse total é de apenas 4% da potência total de aproximadamente 315 GW.

A China, maior produtor de energia solar do mundo, mais que duplicou a sua capacidade no ano passado, atingindo a marca de 77,42 GW.

Suyi Kim, chefe para a Ásia Pacífico do CPPIB, maior fundo de pensão canadense, diz que na Índia a energia solar é mais atraente do que a energia eólica. O país costuma ter mais de 300 dias de sol por ano.

Até agora, as transações têm envolvido volumes relativamente pequenos, mas a japonesa SoftBank já se comprometeu a investir, junto com alguns parceiros, aproximadamente US$ 20 bilhões em projetos de geração de energia solar indianos. A SoftBank declarou que o cronograma de investimentos dependerá dos governos estaduais e central.

 

NEM TUDO QUE RELUZ É OURO

Mas tudo envolve riscos, obviamente.

Os investidores poderão estar sujeitos a atrasos de pagamento por parte das endividadas empresas de distribuição de energia indianas. Alguns especialistas também ressaltam que os processos de licitação para os projetos são muito agressivos, com os preços “por unidade” caindo mais de 70% desde 2010.

“Conseguir retornos sobre esses investimentos... e receber das companhias de distribuição são os principais riscos identificados pelos investidores estrangeiros”, observa Sumant Sinha, CEO da ReNew Power, empresa de energia renovável que conta com o suporte do Goldman Sachs.

A energia só é produzida sob luz solar intensa - fazendo da intermitência outra questão relevante, dado que há custos adicionais relacionados ao uso de inversores e geradores a diesel para viabilizar o uso da energia solar durante a noite.

“Com base nas atuais condições e políticas de mercado, vislumbro a possibilidade de chegarmos a 65-70 GW (em capacidade solar) até 2022, nada mais que isso”, prevê o CEO da Mercom, Raj Prabhu. Esse volume ainda está abaixo da promessa do governo de chegar a 100 GW em 2022.

“A fim de atingirem a marca de 100 GW até 2022, as finanças das empresas de distribuição precisarão melhorar muito, a demanda por energia terá que aumentar rapidamente e a infraestrutura de transmissão precisará acompanhar esse ritmo”, disse Prabhu.



Reuters
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